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Mostrando postagens de 2015

“A gente está ganhando cada vez mais espaço, mas ainda falta muito” *

“Quando seus caminhos estiverem obstruídos, quando seus valores estiverem esquecidos, quando suas dores enlouquecem os sentidos, tenha fé e resgate seus sentimentos perdidos”. Esse é o refrão da música “Território Babilônico”, do rapper maringaense Ivan Marinheiro, de 28 anos. E é exatamente assim que ele parece enxergar o mundo: de forma otimista. Com as melhores expectativas em relação ao futuro do rap e de sua carreira, ele tem dois discos gravados e o terceiro já está a caminho. Não é para menos. O rap está em alta. Segundo dados do Spotify, é o gênero musical mais ouvido do mundo. Apesar disso, ainda sofre um pouco de preconceito. Mas para Ivan, se as pessoas interpretassem melhor a música, isso mudaria. “O rap exige interpretação, alguns gêneros dentro do rap são feitos para dançar, mas a maioria não é pra mexer com o corpo, é para mexer com a cabeça”. Ivan trabalha, estuda e ainda sobra tempo para fazer música. E com muita qualidade. Em entrevista, ele conta sobre sua

A vida é mesmo muito estranha, não é?

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Quando chega setembro dá vontade de gritar para o mundo inteiro que estou com saudade. Mas prometi que não diria mais isso porque é uma maldita dor, maior a cada dia, que parece um milhão de pregos me perfurando de dentro para fora. E não adianta dizer que estou com saudade, você sabe disso. E sabe também que sinto sua falta a cada instante. Sei que você não volta, eu sei. Não sei bem o dia de setembro em que você foi embora. Mas lembro que estava calor e o sol brilhava lá fora. Hoje está chovendo, eu acho. Ainda não abri a janela. Talvez seja só o meu humor a me enganar sobre o tempo. Às vezes, esqueço várias coisas sobre aquele dia. Acho que é meio opcional esquecer para não sofrer tanto, mas aprendi a dar um jeito de lembrar das coisas mais importantes. Agora lembro do aniversário de todo mundo, sabe? Eu sempre me esquecia do seu, mas agora lembro.  Está bem, está bem, não lembro exatamente, minha memória continua ruim, mas compro uma agenda todo ano. A primeira

'Contra a verdade ninguém pode, o rap tem muita força', diz KL Jay, dos Racionais*

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Um dos mais importantes DJs do cenário do hip hop nacional esteve novamente em Maringá. Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay, integrante e um dos fundadores do lendário grupo Racionais Mc’s, se apresentou no dia 21, no Polo Club Bar ao lado do DJ Marco. KL Jay começou no ramo realizando bailes em residências da zona norte de São Paulo, junto com o companheiro Edi Rock (também do Racionais). Com quase 30 anos de carreira, ele se apresenta por todo o país, dividindo o tempo em shows com o Racionais, discotecagem, produções e oficinas. Ele já se apresentou em Maringá duas vezes com todo o grupo e também já fez discotecagem sozinho. Em entrevista, ele falou um pouco sobre a apresentação e o cenário do rap. Depois do último show do Racionais aqui em Maringá ter sido um sucesso, você está de volta, agora sem o grupo, como já esteve em outra oportunidade. Qual a expectativa para a apresentação? KL Jay - Eu acho que vai ser muito bom. O pessoal é muito animado. Além disso,

Fazer rir é a rebeldia de Iván Prado*

*Texto em parceria com Rafael Donadio e especial para o concurso Expressões da Vida Real da ExpressoCom Em espanhol “payaso” ou “hazmerreír”. Em português, “palhaço”. No dicionário, “pessoa que, por atos ou palavras, faz os outros rirem”. Mas para Iván Prado, pouco importa a língua ou a definição, na prática, o verdadeiro trabalho do palhaço é defender o riso como um direito e a alegria como parte indispensável da dignidade humana. “A linguagem do palhaço é uma linguagem universal, que se sustenta na esperança da criança interior, indo contra as regras e leis estabelecidas”, diz ele. Iván é mais conhecido como Capitán Jadoc, o clown que diz ser diariamente. Afinal, segundo ele, todos têm um palhaço interior. Ele tem 40 anos, nasceu em Lugo, Galícia, na Espanha e, hoje, viaja o mundo todo realizando apresentações e oficinas e atuando em causas sociais, algo que ele sonhou fazer desde pequeno, quando queria ganhar dinheiro para acabar com a fome mundial. “Minha preocupaç

Livro sobre santa suicida para os devotos da literatura*

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A Literatura pode ser a maneira mais agradável de ignorar a vida, como escreveu Fernando Pessoa. Pode, entretanto, ser a maneira perfeita de falar sobre ela e sobre a morte, que fica bem próxima, mas que a maioria prefere ignorar. E é o que faz Micheliny Verunschk no livro “Nossa Teresa – Vida e Morte de uma Santa Suicida" (Editora Patuá, 200 páginas, R$30). O livro recebeu apoio da Petrobras Cultural, que por meio de seleção pública patrocina projetos culturais e foi publicado pela editora Patuá. Em entrevista ao Diário, Micheliny conta que a ideia do livro surgiu há onze anos, quando ouviu a história da tia de uma amiga que se suicidara e que teria sido velada com um hábito religioso. “Esta imagem, que me pareceu muito marcante, me inspirou a escrever a história de uma santa suicida”, conta a escritora. É o primeiro romance da pernambucana, que já publicou Geografia Íntima do Deserto (Landy 2003), O Observador e o Nada (Edições Bagaço, 2003) e A Cartografia da Noite

Entrevista com Ricciardi

Luigi Ricciardi é o nome literário de Luís Cláudio Ferreira da Silva, 33 anos, professor e autor dos livros Anacronismo Moderno (2011) e Notícias do Submundo (2014). Ele adotou esse nome em homenagem ao bisavô Alfonso Ricciardi, que veio da Toscana para o Brasil, em 1897. Isso, antes da publicação do primeiro livro. “Assim, decidi italianizar também o Luís, virando Luigi”, diz. A escrita sempre foi uma atividade prazerosa para Luigi. Ele conta que desde que começou a alfabetização já gostava de escrever. Porém, a aventura pela literatura veio quando já estava na faculdade, ao escrever sobre a história de amor malfadada de uma amiga. Hoje, os contos de Luigi são cheios de ironia, críticas à sociedade e tratam de temas como vida, morte e amor. Para ele, é essencial que o artista reflita sobre a sociedade em que vive. Além disso, o lirismo contido em cada linha que escreve é capaz de encantar o leitor. Estão bem longe de “apenas alguns contos bestas”, como sugere o título

"A Segunda Pátria" vai virar filme*

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Neste mesmo mês, em 1945, a Segunda Guerra Mundial terminava de maneira não oficial (o Japão só se rendeu alguns meses mais tarde). Depois de 70 anos este continua sendo um assunto fundamental, principalmente pelos fantasmas que carrega consigo, como o nazismo. O tema vem sendo abordado em vários livros de história e também de ficção, como fez Miguel Sanches Neto em “A Segunda Pátria”, de maneira muito original. O romance porém, se passa bem distante da Alemanha e da Europa. O cenário é o Brasil de Getúlio Vargas, que declara apoio aos nazistas. Assim, os estados do sul do país, com maior número de descendentes alemães, começa a pôr em prática os princípios pregados por Hitler.  Com isso, o engenheiro Adolpho Ventura, negro e pai de uma criança mestiça passa a sofrer discriminação e violência, bem como todos os outros negros. Enquanto isso, a jovem Hertha, grande amor de Adolpho e modelo perfeito da raça ariana tem uma missão secreta até para ela mesma: um encontro

Ironia atroz só contra os fortes*

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Várias pessoas em um museu, com os olhos vendados e tirando fotos das obras com seus celulares ultramodernos. Um menino de Guiné Equatorial sendo sugado por um beija-flor. Meninos vendendo qualquer coisa no semáforo e o motorista com cara de “visualizado e não respondido”. Esses são alguns dos cenários das charges de Vitor Teixeira. Você pode não saber exatamente quem ele é, mas provavelmente já deve ter visto alguma de suas charges circulando nas redes sociais. Suas ilustrações não chamam atenção apenas pelo traço peculiar, mas principalmente pelos temas de cunho político e social abordados. Algumas, inclusive, têm causado polêmica. Vitor é Design Gráfico, tem 28 anos e mora em . Ele conta que desenha desde criança e fez algumas especializações nessa área  depois de 2009. Antes , desenhava apenas para moda e publicidade, mas depois de viajar pelo Brasil e para outros países da América e ler sociólogos e jornalistas de esquerda, passou a deixar seu trabalho com uma conotaçã

Sabina por Flores*

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Cantor, compositor e poeta, Joaquín Sabina teve uma vida cheia de peripécias para além dos palcos. Ficou exilado em Londres durante a ditadura de Francisco Franco, de 1970 a 1977, teve problemas com as drogas e com o excesso de álcool e caiu em depressão. Sobre esses períodos difíceis de sua vida, ele compôs várias canções, principalmente em relação à guerra civil espanhola e seu exílio. Seus versos não pouparam o regime militar e nem a sociedade passiva. Cheio de ironias, criticava seus conterrâneos e os costumes vigentes. A música “Pongamos que Hablo de Madrid” é um exemplo de critica à cidade e mesmo assim virou ums espécie de hino para eles. Além disso, Sabina tem mais de 10 livros publicados, a maioria de poesia. Neste início de março, ele lança o 21º disco da carreira, "500 Noches Para una Crisis". O novo álbum é uma retrospectiva de seus grandes sucessos, como “Pastillas para no soñar”, “Contigo” e “Más de Cien Mentiras”. Canções compostas pela frustação na