Postagens

Mostrando postagens de julho, 2016

Arte urbana ao som de Carlos Gardel em Buenos Aires*

Imagem
“Vai ficar aqui mesmo? Não tem nada muito interessante nesses lados da cidade”, disse o taxista ao me deixar na Libertador com Bullrich, em Buenos Aires. “Sim, aqui mesmo, obrigada”, eu disse, mesmo sem muita certeza de que estaria no lugar certo. Parte de viajar é isso: não ter muita certeza e se achar sozinho, porque você só se encontra quando se perde. Mas eu estava mesmo no lugar e hora exatos. Logo vi um carro todo colorido parado quase embaixo da ponte da avenida. Lá estava o meu entrevistado, um dos grandes artistas de rua da Argentina e pioneiro na atividade, Alfredo Segatori. Muitas pessoas, desde senhoras bem vestidas até jovens com suas calças largas e bonés, paravam para observar o trabalho de Alfredo. Eu não era a única que queria as palavras dele, e tive que ir aproveitando o que ele contava aos outros também. As pessoas têm um interesse imenso e muito respeito pela arte de rua na Argentina. Uma das curiosas era uma garota que parecia ter a minha idade. Pelo

Histórias que habitam os muros coloridos de Buenos Aires

Imagem
Arte de rua na Argentina é mais valorizada que no Brasil O artista Argentino Alfredo Segatori foi responsável por pintar o maior mural da América do Sul por um único artista Muro no centro de Buenos Aires. Foto: Larissa Bezerra O artista plástico venezuelano, Juvenal Ravelo, costuma dizer que “a arte na rua, como o sol, sai para todos.” E é ao som de tango, que o argentino Alfredo Segatori, colore as ruas de Buenos Aires, iluminando os muros e as ruas em um dia nublado. “É fundamental ter música. Sou um militante a favor da arte em geral no espaço público, não só da pintura”, conta sem deixar o pincel de lado. Não está nem na metade do mural na avenida Libertador com Bullrich, mas várias pessoas, de todas as idades, passam para observar, felicitar Alfredo e perguntar se as obras dos muros ao lado também são dele, que responde, com um sorriso no rosto, que foi ele quem fez. O início de Alfredo com o grafite, está totalmente ligado ao Brasil. Apesar de tudo ter

“Como era possível que nesse lugar nascessem crianças?”

Imagem
“Como era possível que nesse lugar nascessem crianças?” A pergunta, como um eco na minha cabeça, faz o coração ficar apertado diante das salas minúsculas e das descrições das circunstâncias em que as pessoas eram tratadas ali. E eu repito, a cada passo: como é possível que nesse lugar nascessem crianças?  Esse lugar é o ex “Casino de Oficiales”, prédio da ESMA (Escuela Mecánica de la Armada) um centro clandestino de detenção, tortura e extermínio da ditadura argentina (1976-1983).  O chão do corredor foi feito mais tarde - quando o lugar se tornou uma espécie de museu - com madeira para que passassem os visitantes. Mas as pequenas salinhas, ainda conservam o piso da época. Dentro de cada uma é possível ver depoimentos, cartas, bilhetes e desenhos das vítimas. Além disso, se você começa a pensar um pouquinho em tudo aquilo, consegue ver muito mais.  Eu vejo que o chão cinzento está molhado. São lágrimas demais. De desespero, de dor, de incerteza, de saudade, de medo. E