Bruna Siena fala sobre morte, imortalidade da alma e deuses, em “Marduk”*

"Viver é afundar-se em cada caminhada", escreveu Hilda Hilst, em "A Obscena Senhora D". A escritora maringaense Bruna Siena, admiradora de Hilst, parece entender muito bem o que a autora quis dizer com isso.

Ela encontrou um caminho diferente na literatura para sua obra, "Marduk". A autora se entregou de corpo e alma a essa caminhada, tanto que virou Siena Bruna Naamah, nome que ela sente que sempre carregou consigo e afirma que não será temporário.

"Sou isso e pronto, um conjunto de coisas que enriqueceram a minha visão sobre o mundo, muitas vias abertas, acho que Naamah é a mulher descoberta nessa minha encarnação", diz.

E assim como ela fez para escrever, a leitura de "Marduk" promete fazer o leitor viajar nas profundezas da alma e das dúvidas incessantes do ser humano, com uma temática forte. A morte, a imortalidade da alma, buscas infinitas e um deus que se matou no sétimo dia.

Com "Marduk", Bruna diz não querer se explicar. "Quero ser lida, mas eu quero ser lida com profundidade", diz. "Apreciem o meu desconfortável manto de loucura, isso sou eu."

Para que ela conseguisse mergulhar nesse mar literário e de perguntas tão inquietantes, teve que desistir de fazer faculdade. Há três anos, dedica-se apenas à literatura.

"Existe muito de mim no 'Marduk'. Ele nasceu do meu maior desafio e me fez acreditar numa continuidade, a imortalidade de algo, talvez a existência de um Deus universal, o amor eterno. O Marduk é a minha bíblia", comenta.

Agora, Bruna está escrevendo um livro de poemas, todo baseado no amor genuíno e nos momentos de elevação, como ela descreve. E assim como não teve medo de se aventurar por caminhos diferentes, pretende se afundar em outros mares ainda. "Eu não acredito em estilos, eu acredito apenas na minha capacidade natural de me expressar. Eu considero a minha literatura como uma construção, não posso ficar presa em rótulos que se esvaem, estou sempre mudando", define ela. "Eu sou indomesticável e a minha necessidade de questionar é imensa, eu escrevo para não morrer."

Para o futuro, também pretende se dedicar à dramaturgia, com a peça que está produzindo em parceria com Vinicius Huggy. Em relação à Kadosh Publicações, selo editorial do "Marduk" criado por Bruna, ela pretende dar espaço para autores excêntricos.

*Publicado originalmente em O Diário do Norte do Paraná

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